Lesão, exame, repouso, fisioterapia, corrida em volta do gramado, treino com bola, jogo. A sequência já se tornou um ciclo que se repete sistematicamente na vida de Valdivia como jogador do Palmeiras. Às voltas com seu nono problema desde que retornou ao clube, em agosto de 2010, o Mago já está em fase final de recuperação de uma lesão muscular na coxa esquerda, e justamente no momento em que as principais decisões do primeiro semestre batem à porta. Se tudo der muito certo, ele estará em campo já na partida única das quartas de final do Campeonato Paulista.
Dos nove problemas que teve, cinco foram na coxa esquerda, já castigada depois de uma complicada fibrose no fim de 2010 e novas lesões musculares ao longo de 2011. Os outros quatro problemas foram no tornozelo direito, no pé direito e na coxa direita (duas vezes). Somando todos os períodos de recuperação, Valdivia passou oito meses no estaleiro – mais de um terço de seu tempo de clube (20 meses). Convocações e suspensões também prejudicaram a sequência do Mago.
Os médicos do clube afirmam que uma lesão não tem relação com a outra, mas o histórico recente deixa o jogador bem mais propenso a se machucar mais vezes.
– Com ele temos de tomar um cuidado extra, não podemos forçar nada. Ele está correndo em volta do gramado, mas ainda não liberado clinicamente. Isso porque sempre pode aparecer um novo incômodo, uma dor. O Valdivia precisa voltar bem, por isso fazemos um trabalho preventivo – explicou o médico Vinícius Martins
Se o Palmeiras conseguir retomar o caminho das vitórias, o jogador terá uma série de decisões pela frente, intercalando Paulistão e Copa do Brasil. Visto com desconfiança pela maior parte da atual diretoria, o Mago terá aquela que é considerada uma “chance decisiva” pela cúpula do clube. Se conseguir se sair bem nos grandes jogos, conseguirá também amenizar as cobranças que incidem sobre o presidente Arnaldo Tirone, pressionado para negociar o meia chileno.
Ele (Valdivia) precisa provar seu valor, a paciência uma hora se vai"
Roberto Frizzo
Os números jogam contra: o camisa 10 do Palmeiras participou de 58 dos 121 jogos disputados pela equipe desde sua chegada, cerca de 48% do total. O custo para tirá-lo do Al-Ain, dos Emirados Árabes Unidos, foi altíssimo – mais de R$ 14 milhões no início, que com os juros embutidos podem chegar a quase R$ 36 milhões, divididos em 48 parcelas ao longo dos próximos quatro anos.
Por conta disso, a diretoria entende que o prejuízo trazido por Valdivia é muito maior, por exemplo, do que aquele que o clube terá com a contusão de Wesley. O meio-campista chegou em boas condições físicas ao Verdão, mas rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito em um lance isolado na partida contra o Guarani.
– É como eu disse em uma entrevista anterior, o “custo-tragédia” do Wesley é pequeno perto do Valdivia. Mas continuo acreditando, o investimento não foi à toa. Todos sabemos da qualidade dele, infelizmente não consegue uma sequência. Acredito que esse novo retorno será decisivo para ele – lamentou o vice-presidente Roberto Frizzo.
O Palmeiras faz de tudo para tentar valorizar o Mago, que tem contrato até 2015 com o clube. Longe de ser unanimidade, o meia convive com a desconfiança diária de dirigentes e até do presidente Arnaldo Tirone, bastante questionado por ainda apostar suas fichas no chileno. No ano passado, o mandatário chegou a negociar com o Al-Sadd, do Qatar, mas as conversas não avançaram.
A pressão que Valdivia terá de suportar é grande. A diretoria encara o retorno como a última chance para ele mostrar seu futebol. Enquanto o Mago sofre com as lesões, Daniel Carvalho ganha espaço e a confiança de Felipão, deixando a situação do camisa 10 ainda mais complicada.
– Ele (Valdivia) precisa provar seu valor, a paciência uma hora se vai – avisou Roberto Frizzo, enigmático.
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