Casa nova, em lugar nobre, sempre gera custos e prazos fora do previsto. É o que está acontecendo com o Palmeiras. A construção da Arena Palestra começou em novembro de 2010 e já apresenta alterações de prazo, orçamento, capacidade e até no design. Inicialmente, tudo estaria pronto em abril de 2013. O custo seria de, aproximadamente, R$ 330 milhões. No entanto, problemas com leis de zoneamento, silêncio e mudanças nas regras do trânsito de São Paulo atrapalham o andamento dos trabalhos.
Assim, o orçamento foi ampliado em R$ 30 milhões. O estádio, que custaria R$ 330 milhões, consumirá R$ 360 milhões, e o novo prazo para entrega passou para outubro de 2013, seis meses após o previsto.
A Prefeitura não liberou o alvará que previa a demolição completa do antigo Palestra. Sem isso, a construtora foi impedida de colocar abaixo 30% das arquibancadas - com capacidade para cerca de dez mil pessoas, localizada atrás do gol, a do placar eletrônico. A solução é inusitada: os arquitetos da construtora decidiram "esconder" o setor, atualmente degradado. A nova arquibancada será construída por cima da antiga, que ficará escondida para quem observar de fora.
- Vamos precisar arrumar esta parte antiga, inútil, e mudar os planos. Precisaremos de outros equipamentos e técnicas para erguer uma nova arquibancada ali. Isso gera custos e tempo. Mas temos de respeitar as leis. Nosso objetivo é não atrasar mais as obras. Queremos e vamos entregar a Arena mais moderna do País dentro de todas as normas - afirmou Rogério Dezembro, diretor de Novos Negócios da WTorre.
- Outra questão é o horário de trabalho. Não podemos tocar a obra 24 horas, já que o estádio fica numa zona cercada de residências. Seria mais rápido e fácil se fosse longe, num lugar que pudéssemos bater estacas. Nenhum morador reclamou até hoje. Fazer uma Arena bem localizada tem esse preço - disse o diretor.Segundo ele, cerca de 30% da obra já foi executada. Outro problema encontrado foi durante a fixação das estacas que irão sustentar a Arena. Pedaços de madeira e entulhos da década de 30 impediram a perfuração. Resultado? Mais custos.
E as dificuldades não param por aí. Com a mudança na lei de trânsito da Capital, caminhões de grande porte estão impedidos de circular na região. Assim, a descarga de boa parte do material é feita entre 21h e 23h. Os funcionários perdem um dia para descarregar e a construtora gasta com a diária do transporte.
- São fatores que prejudicam o andamento da obra. Temos de jogar com as regras da localização, com mais custos e tempo. Não temos saída - explicou Rogério, que intermedia a concretização do sonho alviverde com os interesses da diretoria palmeirense, já que a nova arena contemplará espaços para os setores administrativos do clube.
Para o torcedor ver
Uma mudança importante no projeto foi aprovada e o design da Arena será bem diferente do que estava revisto inicialmente. No projeto anterior, existiam duas vigas de 14 metros de altura para cobrir o estádio. Não serão mais instaladas.
O novo projeto prevê a cobertura presa em cinco garras nas enormes torres de sustentação da Arena, que terão o escudo do Palmeiras.
- Com esta mudança, sem as duas vigas, a Arena deve aumentar sua capacidade de 42 mil para cerca de 46 mil lugares. Foi uma solução moderna, inteligente e contemporânea - contou o diretor da WTorre.
Outro ponto bastante discutido acabou recentemente numa parceria entre a construtora e uma empresa americana que cuida da logística do Staple Center, arena utilizada pelo Los Angeles Lakers, time de basquete da NBA.
- Teremos grandes estacionamentos nas avenidas Francisco Matarazzo, Pompéia e Sumaré, a menos de 300 metros do estádio. São saídas para o torcedor comprar seu ingresso e saber onde deixará seu carro. No total, teremos cerca de sete mil vagas (lucro dividido entre todas as partes). Haverá também a nova estação de metrô (Pompéia) - explicou Rogério, dizendo não temer um possível caos em dias de jogos, shows e eventos.A principal preocupação foi com vagas de estacionamento. A Arena do Palmeiras terá três andares de vagas, com capacidade para 2,5 mil veículos. Um acordo com um dos shoppings centers que funcionam ao lado do estádio vai proporcionar mais 3 mil lugares. Agora, o clube busca acerto com o outro shopping.
Até agora, a WTorre diz ter investido 30% dos R$ 360 milhões. A Arena terá capacidade também para receber shows para 60 mil pessoas e um anfiteatro para 15 mil. Dois prédios já estão em pé, na fase de acabamento: o administrativo (com seis andares, que também será usados pelas modalidades "indoor") e o das quadras (quatro pavimentos).
- Digo que estamos fazendo uma enorme reforma com a família morando dentro da casa. Não queríamos atrasos, mas para o torcedor e sócio ter uma Arena como esta, é preciso entender e ter paciência - afirmou Rogério.
O Palmeiras terá direito a 5% das receitas geradas pela Arena (em eventos não ligados a futebol) nos cinco primerios anos. Essa participação é crescente. Após o 30º ano, o clube ficará com todo o lucro do estádio.