Jogador experiente, rodado, com boa passagem anterior pelo clube e vontade de reerguer a carreira. Se o Palmeiras colocasse um anúncio no jornal para buscar jogadores, a descrição poderia ser semelhante a essa. Seguindo a linha de contratar velhos conhecidos, o Verdão tem se reforçado para tentar escapar logo do risco de rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Uma tática arriscada, mas que o clube utiliza com certa frequência.
Só nos últimos dois meses, o Verdão recontratou três jogadores que já haviam passado pela Academia de Futebol: Obina, de 2009, Correa, de 2003 a 2006, e o lateral-esquerdo Leandro, de 2007 e 2008. Só este último já conquistou título com a camisa alviverde: o Campeonato Paulista de 2008.
A chegada de Leandro, que assinou contrato nesta terça-feira, mostra que o Palmeiras tem confiado muito mais no histórico do jogador do que em sua situação atual. Às portas da aposentadoria, o lateral se colocou à disposição para ajudar, agradou aos dirigentes e acabou acertando até o fim do ano.
Ele não faz um jogo oficial desde a temporada passada, quando ainda defendia o Atlético-MG, mas a imagem que os dirigentes têm é a do atuante lateral que fez parte de um bom time montado por Vanderlei Luxemburgo, que resultou no título estadual. Também foi assim com Correa, mais reserva do que titular no Dínamo de Kiev, e com Obina, reserva no Shandong Luneng, da China.
O mercado está muito restrito depois do fechamento da janela internacional, e na Série A todo mundo está bem empregado. Então partimos para as alternativas"
Roberto Frizzo
A diretoria dá suas explicações para justificar esse estilo retrô, de contratar velhos conhecidos: sem opções no mercado, é mais fácil dar um contrato a alguém de confiança, que já prestou serviços ao clube. Além dos nomes que voltaram, ainda há outros que foram sondados, mas sem avanço na negociação: Cleiton Xavier, por exemplo.
– O mercado está muito restrito depois do fechamento da janela internacional, e na Série A todo mundo está bem empregado. Então partimos para as alternativas. O Correa é alguém em quem confiamos muito, já conhecemos de longa data, com o Leandro é a mesma coisa. São oportunidades que nós aproveitamos, e que eles também vão aproveitar – disse o vice-presidente Roberto Frizzo.
Desta vez, porém, as contratações não têm sido onerosas aos cofres palmeirenses. Obina veio emprestado sem custos, enquanto Correa e Leandro estavam livres, sem contrato com qualquer clube. Os dois últimos ganham salários menores do que em suas primeiras passagens pelo Verdão.
Antes do trio, os jogadores repatriados pelo clube foram muito mais festejados. São pelo menos cinco outros exemplos nos últimos quatro anos – dois deles ainda continuam no Palmeiras. Roque Júnior, em 2008, Vagner Love, em 2009, Kleber e Valdivia, em 2010, e Henrique, em 2011, fazem parte dessa política de “reciclagem”. Jogadores de sucesso no passado recente, mas com incertezas no futuro.
Roque saiu do clube depois de sete jogos no Brasileirão de 2008, sem deixar saudades. Love se envolveu em uma briga com torcedores em dezembro de 2009, perdeu a paciência e rumou para o Flamengo. Caso semelhante ao de Kleber, que foi só confusão em sua segunda passagem pelo Verdão e partiu para o Grêmio após brigar com Felipão. Valdivia ainda está no elenco, mas é mais do que contestado por suas lesões. Só Henrique é unanimidade – veste a faixa de capitão e é o principal nome do sistema defensivo.
O bom filho à casa torna:
Roque Júnior – Campeão da Libertadores em 1999, o zagueiro chegou em 2008 com a missão de arrumar a defesa, que havia perdido Henrique, vendido para o Barcelona. Fez apenas sete jogos, e até hoje cobra dívida do Palmeiras.
Vagner Love – Prata da casa em 2003 e 2004, foi recontratado como a “cereja do bolo” na campanha do Brasileiro de 2009. Começou com gols, terminou sem título, nem moral com a torcida.
Kleber – Campeão paulista em 2008, voltou em 2010 com status de estrela máxima do clube. Começou bem, foi capitão, pensou até em seleção brasileira. Mas atritos com Felipão e a diretoria minaram sua relação com o Palmeiras.
Valdivia – Campeão paulista com Kleber, o Mago chegou como maestro em 2010, pouco depois do Gladiador. Desde então, sofre para obter uma sequência de jogos. As lesões continuam atrapalhando.
Henrique – Mais um da geração 2008. Foi vendido rapidamente para o Barcelona, rodou pela Europa e voltou em 2011. Bom como zagueiro, ficou melhor ainda quando deslocado para volante. A mudança foi fundamental para o título da Copa do Brasil. Hoje, é capitão.
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