Valdivia vai ficar.
Obina já chegou.
Arnaldo Tirone vai contratar jogadores importantes para Libertadores.
Mas nada mudou em relação a Luiz Felipe Scolari.
Em meio à comemoração do título invicto da Copa do Brasil, ele se manteve firme.
Não quer continuar no Palmeiras em 2013.
Nem a história de que tudo é muito parecido com 1988 o convence.
Tirone é agora o novo fã número um de Felipão, o vice Roberto Frizzo, sim, ele mesmo, usaram a mesma conversa.
Apelaram para que a situação lembra demais a conquista da Copa do Brasil no ano da Copa da França.
O Palmeiras e Felipão estavam desacreditados.
E o clube venceu o Cruzeiro e ganhou a competição.
Se fortaleceu para ganhar a Libertadores de 1999.
Só que, se existe uma certeza no Palmeiras, é a de que Felipão não é estúpido.
Ele sabe muito bem que o clube tem mais de R$ 200 milhões em dívidas.
Há uma guerra entre os pré-candidatos à eleição em 2013.
E, principalmente, não há uma empresa milionária como a Parmalat para bancar um grande time.
Scolari ganhou muito dinheiro.
Seu contrato fechado com Belluzzo e Gilberto Cipullo garantiu R$ 700 mil livres desde julho de 2010.
Mas o treinador marcou passo até conquistar a Copa do Brasil ontem.
O motivo foi ter acreditado que Belluzzo usaria seus contatos para montar uma 'seleção' no Palestra Itália.
A situação ficou ainda pior quando o ex-presidente teve um grave problema cardíaco.
Scolari reiterou sua fidelidade ao dirigente no hospital.
Garantiu que não abandonaria o Palmeiras até o final do seu mandato.
"O Luiz Felipe foi é um homem de palavra.
Se não fosse por ele, o Palmeiras sofreria muito mais do que sofreu nestes anos.
O caixa está vazio.
Não houve como montar uma grande equipe nestes anos.
A torcida só teve paciência porque era ele o técnico", me admitiu Belluzzo.
Scolari teve seus momentos de fúria.
Principalmente quando soube que o vice Roberto Frizzo defendia a contratação de um técnico mais barato.
Graças a contatos importantes do seu assessor de imprensa, ele soube que Paulo César Carpegiani havia sido contatado.
Felipão peitou Tirone.
O presidente foi claro.
Disse que Frizzo poderia fazer contato com quem quisesse, mas quem mandava era o presidente.
E ele implorou para Scolari continuar.
O treinador teve propostas do Fluminense, do Flamengo, do Inter, do Cruzeiro e do São Paulo.
Juvenal Juvêncio pediu a Tirone a liberação do treinador.
"De jeito nenhum.
Se eu fizer isso, estou morto.
Ele é o nosso treinador e não vou liberá-lo de jeito algum."
Esta foi a resposta do presidente a João Paulo de Jesus Lopes, vice de futebol do Morumbi.
Colecionando fracassos com times medíocres que a diretoria lhe punha nas mãos, Scolari passou por muita raiva.
Via seu prestígio diminuindo.
Justo ele que tem como seu maior desejo trabalhar na Copa de 2014, comandando uma seleção.
Recebeu meras sondagens de países onde o futebol é fraco.
As derrotas do Palmeiras não o recomendavam.
Seu empresário internacional, o português Jorge Mendes, não conseguiu candidato forte.
Sem ingenuidade, era claro que Scolari precisava vencer.
Conquistar um título de relevância.
Não um mero Campeonato Paulista, que não é valorizado em lugar algum.
Mas uma conquista nacional.
A Copa do Brasil foi feita para ele.
Não por acaso, havia vencido três vezes a competição.
Montar equipes para guerrear em casa e no campo adversário é com ele mesmo.
Ele é o maior motivador nascido no País, sem dúvida alguma.
E foi assim que ele tirou leite de pedra.
Fez o Palmeiras melhor do que realmente ele é na Copa do Brasil de 2012.
Conseguiu a quarta Copa do Brasil de forma invicta.
Mas ele tem palavra.
E não é nada alienado.
Mesmo que Tirone cumpra o que já adiantou a companheiros de diretoria.
O presidente quer oferecer R$ 1 milhão livres de impostos para Felipão continuar em 2013.
Mas é lógico que, se o treinador aceitar, acabará sendo o maior e melhor cabo eleitoral da briga pela reeleição do atual presidente.
Apesar de toda a euforia, Felipão comemorou mais a Copa do Brasil do que a Copa do Mundo de 2002, sua posição continua a mesma.
Tem sido firme.
Vai cumprir o seu contrato e depois cuidar da carreira.
Acredita que fez o que poderia para o Palmeiras.
O deixou classificado para a Libertadores da América com seis meses de antecedência.
Tempo suficiente para se estruturar e buscar o título.
Já deu sua parcela.
E sabe que agora basta evitar o rebaixamento no Brasileiro que estará saindo por cima.
Novamente valorizado.
Não só para seleções estrangeiras como também para a seleção brasileira.
Por isso que a promessa de R$ 1 milhão por mês em 2013 não o seduz.
Ele já é um homem milionário.
Pode até não parecer, mas Scolari fará 64 anos em novembro.
Ele quer fazer da Copa do Mundo no Brasil um marco.
Esses dois anos de Palmeiras o desgastaram além da conta.
A rotina tensa diária e o fraco material humano o cansaram.
Ele está cumprindo a promessa feita a Belluzzo.
Conquistou a Copa do Brasil para o clube que aprendeu a amar como o Grêmio.
Mas ele é um homem de metas, objetivos.
Como repete nas suas palestras: "O profissional tem de traçar metas pessoais.
Saber onde quer chegar".
Por isso, ele não quer continuar no Palmeiras em 2013.
E jura que vai virar as costas sorrindo para a oferta de R$ 1 milhão por mês de Tirone.
Felipão fez até mais do que poderia no Palestra Itália.
Por isso já adiantou que não se deixará empolgar pela Copa do Brasil.
Mas os jogadores, os torcedores e, principalmente, Tirone, vão insistir muito até dezembro.
Ninguém no Palmeiras quer outro treinador na Libertadores.
Querem este vitorioso homem ranzinza de Passo Fundo...
(O vazamento da proposta de aumento desgastou Tirone.
O presidente palmeirense ontem foi cobrado por conselheiros que querem sua reeleição.
Dizem que os R$ 200 milhões em dívidas já são inaceitáveis.
O dirigente recuou.
Pelo menos publicamente.
Mas a proposta continua valendo.
Se Scolari quiser continuar, Tirone banca R$ 1 milhão se for reeleito.)
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