As voltas que a vida dá. Muitas foram dadas para que Maurílio Silva, bicampeão brasileiro nos anos de 1993 e 1994 pelo Palmeiras, ganhasse festa e homenagens em Crateús, cidade a 354 quilômetros de Fortaleza. O motivo? O ex-jogador, agora treinador, foi um dos principais responsáveis pela permanência da equipe da cidade na 1ª Divisão do Campeonato Cearense.
- O Crateús hoje faz parte de mim. Eu tenho muito carinho por eles, por essa cidade. Fui muito bem recebido aqui. Eles me abriram as portas novamente e já estão no meu coração - conta Maurílio.
A festa para Maurílio está marcada para o próximo domingo, na última rodada do Campeonato Cearense, quando o Crateús recebe o Fortaleza no modesto Estádio Juvenal Melo. O Guerreiro do Poty - como é conhecida a equipe do Crateús - não tem mais chances de rebaixamento e nem de classificação para as semifinais. Já o Fortaleza precisa vencer se quiser sonhar em terminar a fase classificatória na liderança.
O jogo é festivo para celebrar a permanência do caçula Crateús, mas Maurílio encara com muita seriedade. Ainda assim, em meio a festa, o jogador deve atuar alguns minutos.
- Não tem nada certo. Eu só vou entrar em campo caso o time esteja vencendo ou empatando. O jogo tem que ser levado muito a sério. A festa é por parte da diretoria e da cidade. Não se pode brincar com o Fortaleza - frisa o treinador.
Maurílio acrescenta ainda que, caso jogue, será sua primeira festa de despedida dos gramados.
Vai ser bom porque eu nunca tive uma festa de despedida dos gramados. Apesar de ter jogado em grandes clubes e conquistado grandes títulos, nunca havia acontecido algo assim - afirma o técnico do Crateús.
A ideia de colocar Maurilio em campo partiu da diretoria do clube, que inscreveu o treinador no último dia do prazo para inscrição de atletas no Campeonato Cearense. Aos 42 anos, o técnico disputou sua última partida como jogador em 2008, quando defendeu o Uniclinic-CE. Mas Maurilio diz estar condicionado fisicamente e bem entrosado com o restante do grupo.
- Andei treinando. Aguentaria até um tempo inteiro. Sempre fui um cara que me cuidei. Estou bem fisicamente - destaca Maurilio.
O técnico faz questão de manter em segredo. Tudo é um mistério para a partida deste domingo, menos a festa que já está marcada, com rua fechada pela prefeitura e bandas contratadas. O número da camisa que irá vestir? Também é surpresa. Provavelmente, fará alusão ao número 9, que Maurílio vestiu em mais de 20 clubes pelo Brasil. Muitos em Crateús querem o ver pela primeira vez em ação nos gramados.
- Vai depender do técnico - brinca Maurílio.
Um andarilho do futebol e colecionador de títulos
Maurílio defendeu mais de 20 clubes pelo Brasil e ainda chegou a atuar no exterior (Portugal, Espanha e Arábia Saudita). O atacante ganhou projeção no Paraná campeão brasileiro da Série B (1991), o que o credenciou a estar no Palmeiras bicampeão paulista e brasileiro (1993/1994) e do Torneio Rio-São Paulo (1993).
O atacante atuou ainda por Goiás, Grêmio, Juventude (onde foi campeão da Copa do Brasil de 1999), Paysandu, Ponte Preta e Marília. Em 2005, vestiu a camisa do Ceará e ganhou o carinho da torcida alvinegra.
Após uma passagem pelo Remo, no ano seguinte, voltou para o estado do Ceará e defendeu, desta vez, o rival Fortaleza. No Ceará, atuou ainda em equipes menores como o Icasa, Horizonte-CE e Uniclinic, onde encerrou a carreira.
- Sou cearense de coração. Essa terra me acolheu muito bem. Vim pra cá em 2005 e nunca mais fui embora. Aqui é meu lugar. Minha família e meus filhos também adoram viver aqui.
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