Em sua 24ª edição, a Copa do Brasil é tratada cada vez mais com o clichê de competição mais democrática do país. Parafraseando a expressão do Oiapoque ao Chuí, vai de Espigão D'Oeste a Sapucaia do Sul. Sem determinações de séries ou fronteiras, ela começa nesta quarta-feira, com 64 participantes e sonhos que vão desde a esperança de disputar o jogo de volta em um grande centro até a busca pelo título e a vaga na Taça Libertadores do ano que vem.
Esta será a última vez em que os clubes classificados para a Taça Libertadores não poderão disputar a Copa do Brasil. Esse regulamento vinha sendo utilizado desde a edição de 2001. Em 2013, quando completará 25 anos, a competição chegará a 80 participantes, superando e muito a primeira disputa, em 1989, que contou com apenas 32 times. Os clubes que disputarem a Libertadores 2013 entrarão nas oitavas de final da Copa do Brasil, que não será disputada apenas no primeiro semestre. Ela vai durar o ano inteiro e terá uma fase a mais do que as seis atuais.
A CBF trabalha com a hipótese de seis classificados para a Libertadores para compor as oitavas de final. Caso sejam cinco, será incluído na lista o time classificado para a Copa do Brasil mais bem colocado no ranking da entidade. Eles se juntariam aos 10 times que passarem da terceira fase.
Três gigantes e três renomados técnicos sem título
Entre os 12 principais clubes dos quatro grandes centros do futebol brasileiro (SP/RS/RJ/MG), apenas Botafogo, São Paulo e Atlético-MG não conquistaram o título da competição. Coincidentemente, seus técnicos (Oswaldo de Oliveira, Leão e Cuca) também não venceram a Copa do Brasil. O especialista no torneio é Luis Felipe Scolari, do Palmeiras. Fora ele, detentor de três títulos por Criciúma, Grêmio e Palmeiras, nenhum outro técnico levantou o caneco mais que uma vez (veja infográfico abaixo).
- Não vamos ficar nos preocupando pelo fato de este ser o último ano sem esses times (da Libertadores). O Botafogo é grande e não pode ficar com esse pensamento. Tem que entrar para ser campeão, independentemente das circunstâncias - disse Oswaldo de Oliveira, que acrescentou:
- Não tenho preferência pela Copa do Brasil ou por ser uma conquista que não tenho no currículo.
- Tem um segredo também para existir esse jejum do São Paulo de títulos: ele participou pouco, jogou muitas Libertadores, por isso que foi campeão brasileiro, mundial. Antigamente, só a elite jogava esse torneio, agora aumentou o lastro. Mas não adianta pensar nisso agora - comentou Leão.O Atlético-MG é o clube com mais participações na história da competição sem ter conquistado um título, com 22. Entre os três grandes que ainda não venceram a Copa do Brasil, o São Paulo é o que menos vezes a disputou, com 12. Essa é a explicação do técnico Leão para a falta do troféu no Morumbi.
Tradição de zebras
No passado, houve decisões entre times de divisões diferentes e grandes surpresas pelo caminho. Clubes como Criciúma, Juventude, Santo André e Paulista já foram campeões desbancando grandes do país na final. Brasiliense, Ceará, Goiás e Figueirense disputaram decisões. Este ano, 11 clubes sonhadores fazem a sua estreia: Aquidauanense-MS, Bahia de Feira-BA, Boavista-RJ, Espigão-RO, Independente-PA, Operário-PR, Real-RR, Real Noroeste-ES, Santa Cruz-RN, Santa Quitéria-MA, e Sapucaiense-RS.
Grêmio e Cruzeiro, os maiores campeões
Finalistas da competição em 1993, Grêmio e Cruzeiro, campeão daquele ano, são os clubes que mais vezes levantaram o troféu da Copa do Brasil: quatro vezes cada. Ambos estreiam nesta quarta-feira. O Cruzeiro viaja até o Acre para enfrentar o Rio Branco. O Grêmio visita o River Plate, em Sergipe. Sem o rival Inter, que disputa a Libertadores, o Tricolor gaúcho pode fazer o Rio Grande do Sul igualar São Paulo como o estado que possui a hegemonia de conquistas no país.
- É preciso saber jogar a Copa do Brasil, utilizar todos os fatores que podem nos favorecer e estarmos atentos o tempo todo, pois disputas de mata-mata não te dão muitas chances de recuperação. Em compensação, também temos a nosso favor a tradição do Grêmio. Seria fantástico um novo penta em minha carreira - disse Gilberto Silva, campeão mundial com a Seleção Brasileira, em 2002, sobre as quatro conquistas do clube gaúcho.
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