Bruno é goleiro, mas deve ter caminhado tanto quanto um jogador de linha na vitória do seu Palmeiras sobre o Paraná. Escalado por Luiz Felipe Scolari em razão das falhas do titular Deola contra o Guarani, ele passou 90 minutos de ansiedade. Passou no teste com boas defesas, contou com a sorte e, apesar de traído por cochilo da zaga, saiu como um dos heróis do time.
Podem ser tiques nervosos ou demonstrações de tensão, mas o fato é que Bruno repetia gestos como se fosse coreografia. Sozinho na área durante grande parte do jogo, balançava a cabeça para se livrar da água da chuva no cabelo, arrumava as meias e puxava as mangas da camisa.
Quando o Verdão estava no campo ofensivo, ele caminhava até a meia lua, se alongava e voltava para o gol com exercícios de corrida, talvez em busca do ritmo de quem atuou pela terceira vez em 24 partidas no ano.
A comemoração no gol de falta de Marcos Assunção foi tão discreta quanto os lamentos após fazer grande defesa no chute de Nilson, mas ver sua defesa cochilar e permitir o empate de Luisinho no rebote.Ritmo que veio, para valer, no chute de longe de Alex Alves, que Bruno espalmou no ângulo esquerdo. Depois, no alívio demonstrado por aplausos a Henrique, que ganhou na velocidade de Nilson e impediu que o atacante saísse na cara do gol.
– Preciso ter 90 minutos de concentração e o time também. Esse é um jogo bom de se jogar – afirmou o goleiro.
Antes de descer para o intervalo, orações dentro do gol com os braços para cima. Gesto que viria a repetir quando o árbitro marcou pênalti a favor de seu time no segundo tempo. Enquanto os companheiros decidiam quem batia, Bruno caminhou para a linha de fundo. Quando Henrique se preparou, voltou à área e ergueu as mãos. Quando a bola estufou a rede, vibrou aliviado, correu em direção à torcida, que estava logo atrás, se ajoelhou e bateu no peito, com os punhos erguidos.
Ajudado pela trave em chutes de Luisinho e Douglas Packer, Bruno se empolgou com a pressão do Palmeiras, que buscava o terceiro, e com a torcida, que decretava a “festa no chiqueiro”. Tanto que foi quase até a intermediária para ver de perto o fim da importante vitória.
Talvez seja cedo para decretar que o Palmeiras resolveu seu problema de goleiros, mas pode-se dizer que Felipão agora tem um camisa 1 confiante e concentrado para os próximos desafios.
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